domingo, 26 de abril de 2009

Leia, leia, leia

Agora que meu curso está andando, que já estou fechando o segundo mês de aulas, começo a finalmente analisar um pouquinho tudo pelo que estou passando.

Uma das coisas que mais escutamos nas Letras é "um bom escritor é um bom leitor". O mesmo vale para um tradutor, obviamente. Ninguém escreve/reescreve/traduz sem ter base alguma. É simples assim: se você não tem o mínimo de referência, não tente bancar o legal e sair à la loca se achando o fodão e inventando história - nossa, que oração mais coloquialmente pleonástica. Enfim!

Mas existe uma coisa dessa conversa toda que me faz pensar (cheiro de fumaça no ar). Claro, eu não vou discordar do senso comum, do que é óbvio, que nós temos que ler pra caraca porque, oras!, faz parte do processo de tradução principalmente! Mas será que para um escritor não pode ser um pouco "prejudicial" passar a vida lendo o que outros escreveram antes.

[Pausa para ser atingida pelas pedras.]

Eu digo isso no sentido de que um escritor pode ficar tão maravilhado pela sua maravilhosa carga cultural e, bem... "esquecer" de ser original. Tanto em conteúdo como em técnicas. Quero dizer, original é muito difícil de ser realmente, mas se você fica procurando referências em lugares diversos, a dificuldade triplica. Ou não?

Já respondendo a mim mesma (aqui não há espaço para comentários contrários ;D), pensando de outra forma, ler pode servir para que você não fique achando que descobriu a América, a técnica mais inovadora da Literatura mundial, ou o conteúdo mais inédito possível, quando na verdade já existe cerca de 100 autores conhecidos ou desconhecidos que fizeram a mesma coisa.

Mas eu me pergunto como Aldous Huxley chegou no esquema de sociedade de "Admirável Mundo Novo" antes de 1932...

[Informação inútil: atualmente estou lendo "A Divina Comédia", de Dante Alighieri.]

Jaa!o/

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Lista

Dando uma remexida nos meus DVDs de backup, descobri os blocos de notas em que eu escrevia as postagens do meu primeiro blog. Numa dessas, encontrei esse questionário nada original; e acabei lembrando de como eu gostava de preencher questionários...:)
Ei-lo, com modificações.;D

Uma música que...

01) Me faz dançar: "Honey Come Honey", de Surface. "Meglio Stasera", do Michael Bublé. "Michael", de Franz Ferdinand.
02) Me faz feliz: "Ouchi ga Ichiban", da Koorogi Satomi, abertura do anime Chi's Sweet Home.
03) Me faz lembrar de um amigo(a): "Nobody Loves You", de Garbage. "You're My Best Friend", de Queen.
04) Me entristece: "Hitori Jouzu", da Nakajima Miyuki. "Creep", de Radiohead.
05) Me alegra: "Lollipop" ou "Grace Kelly", do Mika. "Robinson", de Spitz. "Bathroom", de JUDY&MARY. "moustache" e "L.Drunk", da Kimura Kaela.
06) Diz muito sobre mim: "dolphin", da Kimura Kaela. "Erase, Rewind", de The Cardigans. "Phoenix", do Kazuya Yoshii. "TACTICS", de The Yellow Monkey. "Ordinary Angels (cover)", da Bonnie Pink. "Little Miss", de bôa. "Spiralling", de Keane.
07) Me faz lembrar alguém significante: "Raindrops Keep Fallin' On My Head", do B.J. Thomas.
08) Tocaria no meu casamento: "Shine, My Star", ou "La Ronde Lunaire", da Origa.
09) Tocaria no meu funeral: "Bend and Break", de Keane.
10) Faz meus amigos lembrarem de mim: os que não são do Japonês provavelmente se lembram de mim pela "Tokyo Drift (Fast and Furious)", dos Teriyaki Boyz. Vivem me falando nessa música, pelo menos... Os do Japonês lembram de mim pela "Sanpo", da Azumi Inoue, tema de abertura de Tonari no Totoro.
11) Gostava, mas agora nem tanto: "Outsiders", de Franz Ferdinand.
12) Faria tudo para ouvi-la num show: "Crystal Ball", de Keane. "The Fallen", de Franz Ferdinand. "Grace Kelly", do Mika. "Kabukichou no Joou", da Shiina Ringo.
13) Gosto da letra: "Jidai", da Nakajima Miyuki. "Killer Queen", de Queen. "Take What You Take", da Lily Allen. "Broken hearts, citylights and me just thinking out loud", da Bonnie Pink.
14) Gostaria de acordar com: "la salle de bain", da Shiina Ringo.
15) Foi tema de um dos meus filmes favoritos: "Anata no Kokoro ni", da Nakayama Chinatsu e "Furui Nikki", da Wada Akiko, ambas de Kiraware Matsuko no Isshou.
16) Me faz pensar no sol: "Catch the Sun" e "Coast to Coast", da Bonnie Pink.
17) Me faz pensar na chuva: "Nocturne ~rain song~", do BUCK-TICK. "Pendulum", da Bonnie Pink. "Watch Me Fall Apart", de Hard-Fi.
18) Me faz pensar na noite: "Mayonaka wa Junketsu", da Shiina Ringo. "Sakamichi", da Bonnie Pink. "NO IMAGE", da Kimura Kaela. "dress", de BUCK-TICK.
19) Me faz pensar em sexo: "GINGER (feat. MONKEY MAJIK)", da Anna Tsuchiya. "Honnou" e "Kabukichou no Joou", da Shiina Ringo. "Feeling Good", do Michael Bublé. "Deli", de mor ve ötesi. "TACTICS", de The Yellow Monkey. "Touch", de Wolfsheim. "Rocking Horse", da Nakashima Mika.
20) Me faz pensar em amor: "Haiiro no Hitomi", da Shiina Ringo. "Everything", do Michael Bublé. "You and I", "Monster" e "Private Laughter", da Bonnie Pink. "Megami", da Sasagawa Miwa. "Koi wa Maboroshi", de Tokyo Jihen.
21) Não é do meu "tipo" mas eu gosto: "Astrosexy" e "STARSTRUCK", de m-flo.
22) Posso cantar bem: "Somewhere Only We Know", de Keane. "Downtown", da Petula Clark. "Kiss Me", de Sixpence None The Richer. "Sanpo", da Azumi Inoue (?).
23) Gosto, mas é só instrumental: "One", "Fade to Black" e "From Out of Nowhere", de Apocalyptica. "Partita III für Violin Solo in E", do J.S. Bach. "Cannon in D (Quarteto de Cordas)", do Pachelbel.
24) Queria ter a voz de: Kimura Kaela, Dido, Bonnie Pink ou Shiina Ringo.:)
25) Menções honrosas pelos clipes: "STARs" e "L.Drunk", da Kimura Kaela. "Shuraba" e "Killer Tune", de Tokyo Jihen. "Ringo no Uta", da Shiina Ringo. "Do You Want To", de Franz Ferdinand.

Tecnicamente....

- Bateria: "Sunday Bloody Sunday", de U2 (Larry Mullen Jr.).
- Guitarra: "Shuraba adult ver.", de Tokyo Jihen (Ukigumo/Nagaoka Ryosuke).
- Baixo: "Ulysses", de Franz Ferdinand (Robert Hardy).
- Teclado/Piano: "Don't Stop Me Now", de Queen (Freddie Mercury).
- Vocal (feminino): "Ishiki", da Shiina Ringo.
- Vocal (masculino): "Walk Away", de Franz Ferdinand (Alex Kapranos).


Jaa!o/

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Certificado de Perdedor

Reza a lenda que o prezadíssimo senhor H. residia em um muquifo situado numa larga avenida da cidade, de frente para a poluição sonora e de lado para a vista do próximo prédio.
Nunca o arrumava, pois sabia que cedo ou tarde acabaria mergulhado na sua própria bagunça novamente. Os bolos de poeira se acumulavam pelos cantos. A gordura das paredes já havia virado parte da pintura. De vez em quando ele tinha acessos de alergia, micoses, encontros com insetos variados, mas nada que os antibióticos e anti-histamínicos não resolvessem.

O senhor H. tinha um diploma bastante pomposo - ninguém (nem mesmo o próprio H.) sabia muito bem de quê -, pendurado na parede, ao lado de um outro certificado qualquer, e dava aulas. Sim, ele professava seus grandes conhecimentos aprendidos e fixados há cerca de duas décadas com orgulho. Aquele diploma já o havia salvado diversas vezes, era um grande companheiro seu frente às adversidades da vida e do mercado de trabalho.

O homem se dizia uma vítima do ritmo frenético do cotidiano em uma cidade grande, uma vítima do capitalismo enlouquecido, uma vítima daquela sociedade desigual, uma vítima de sua memória envelhecida, falha e corrompida, uma vítima de sua ex-mulher. Enfim, era ele, uma vítima. Incapaz de se adaptar aos valores modernos, ele permanecia mergulhado no seu saudoso passado, a época do 'paz e amor', das discotecas, do amor livre e dos embalos de sábado à noite. O que havia acontecido àqueles anos dourados?

O senhor H. não conseguia concluir nada do que iniciava. Não lhe interessava isso, ele não conseguiria de qualquer modo. Os cursos que havia iniciado estavam parados na metade; desistira pois queria mudar de horizontes. As pessoas a quem ele professava os seus ensinamentos eram muito apressadas; queriam concluir tudo algum dia, onde já se viu? Por isso acabava desistindo de seus empregos, mudando constantemente. Era um espírito livre, oras! Merecia mais do que um trabalho contínuo e entediante, uma vida difícil e repleta de obstáculos financeiros. Merecia mais, não era como os outros.

Ele já trabalhara em vários lugares, mas, como todo o gênio, não conseguira fazer aceitar seus métodos e seus horários (e já recusara tantos empregos por essas limitações de visão dos empregadores!). Vinha, tão paciente, passar seu conhecimento, sua experiência de vida àqueles jovens aprendizes; quanto mais, no entanto, ele professava, mais vorazmente os alunos lhe vinham com questionamentos - como gafanhotos, ele pensava, como gafanhotos. Para compensar os dias em que os bombardeios de perguntas eram maiores, ele se ausentava nas semanas seguintes. Eles deveriam compreender que aquele não era o seu ritmo! Aos poucos, além de todo o resto, o senhor H. estava se tornando vítima também de seus estudantes.

Toda essa gula, todo esse desespero jovem de saber e enumerar conhecimentos lhe causavam aflição, pois passava horas depois relembrando tudo o que não havia conseguido responder. Sentia-se inútil, impotente, perseguido e condenado, procurava alento em vícios diversos, alento que nenhum ser humano lhe conseguiria dar, pois era incompreendido por seus semelhantes. Via o mundo de ponta-cabeça, deprimia-se, cantava, chorava, colocava o som no último volume, perturbando a vizinhança, ria sozinho.

Acordava envergonhado, sentia-se o rei nu.
Na caixa de correio, a intimação da Justiça para pagar a pensão; na porta, um comunicado do condomínio pedindo que respeitasse o horário de silêncio; no computador, centenas de e-mails não-lidos de amigos, de alunos, de colegas. Na parede, o seu diploma, ao lado do seu certificado de perdedor.


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Minha autoria.:D
Se quiserem divulgar (olha a pretensão da criança!), ok, mas não creditem a outros autores. E se possível linkem.
Méh!;)

Jaa!