quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Pokémon em Tradução I

É, no mínimo, interessante - como tradutora/estudante de tradução - notar que quando um produto envolve o público infantil, os tradutores decidem versar o nome de certos personagens. Harry Potter é um exemplo clássico. Eu tenho que admitir que, como leitora, ODEIO essa prática. Claro, tem o mérito de tentar trazer para a nossa língua um trocadilho infame e oferecer uma informação interessante sobre aquele personagem. Mas não deixa de ser uma simplificação da sonoridade – e, às vezes, a sonoridade é mais interessante que o significado. 

Bom, mas sem entrar em uma discussão mais feroz sobre escolhas tradutórias, o fato é que os produtos infantis/infanto-juvenis são cheios dessas adaptações de nomes. Para quem assistiu a animação da Disney Enrolados (Tangled) na versão dublada em português, o personagem originalmente nomeado de Eugene Fitzherbert virou José Bezerra. Eu me pergunto qual foi o critério usado para definir o nome... Será que foi o Gerador da Improbabilidade Infinita do Guia do Mochileiro das Galáxias? Ou será que só eu não consigo enxergar uma correlação semântica/fonética/referencial entre um nome e outro? 
Pois bem.

O Pascal não aprovou essas mudanças de nomes.

 Acho que uma das maiores surpresas da minha vida foi a descoberta de que os nomes dos pokémons em japonês eram diferentes da versão que víamos no Brasil (tanto nos jogos como na televisão). Descobri isso por uma das várias versões de PokéRap que tem por aí, a versão em japonês do Pizzicato Five. 
Ah! Atenção: quando falo em pokémons, refiro-me à primeira e à segunda leva, porque foi até onde eu fui da série e dos jogos.

O rato elétrico que provocou epilepsia em algumas crianças japonesas, Pikachû, teve seu nome mantido. Pelo menos graficamente. Originalmente, a pronúncia é mais ou menos como PikaTCHÛ, não Pika, como ele ficou popular por aqui. Tanto faz. O interessante é notar que o nome deriva de duas onomatopéias: pikapika, onomatopéia de coisas brilhantes/reluzentes; e chû, o som feito pelos ratinhos. 

Vários pokémons seguem essa regra da onomatopéia. Aliás, japoneses adoram onomatopéias, até para coisas que não fazem som, como... o silêncio (!!!). (A “onomatopéia” de silêncio é shiin, antes que me perguntem...)

Outro exemplo é um dos meus preferidos: o Vulpix, e sua evolução, Ninetales. Em japonês, Vulpix é originalmente Rokonro de “seis” (referência ao número de caudas) e kon de “konkon”, o som que as raposas fazem. O Ninetales é Kyukon, sendo o kyu de “nove”.

O mesmo acontece com o célebre Miau ou Meowth ou Nyaasu, o pokemon da Equipe Rocket. No Japão, os gatos fazem nyaa. A tradução, nesse caso, seguiu a mesma lógica em todas as línguas.

Também os pokémons Grimer e Muk, aqueles melequentos, no original são Betobetaa e Betobeton, respectivamente - betabeta é a “onomatopéia” de coisas grudentas e pegajosas.

Mas não só de onomatopéias vivem os nomes desses bichos! Vou continuar esse assunto na próxima postagem, até porque os nomes dos personagens de Pokémon dão muita história...
Até a próxima!o/

Vou continuar na próxima postagem também porque um Snorlax selvagem apareceu pra bloquear minha mente.