quarta-feira, 15 de julho de 2009

Por que a educação é uma palhaçada?


Eu gosto de estudar. É estranho, até nojento, para alguns. Claro que eu não gosto de estudar tudo, tenho predileções por determinados assuntos acadêmicos – e não-acadêmicos. Mas quando me interesso por um tema, ponho a cabeça para funcionar e vou em frente; estudo. Por isso sinto um asco tremendo quando escuto os "entendidos" no assunto falando sobre a educação de maneira desleixada, sem sequer questionarem a si próprios: “eu gosto de estudar”? "Eu sei qual é a importância do estudo"? Sinto que falta autocrítica.

Meus 7 anos de vida escolar em uma escola pública estadual me fizeram criar um quadro da decadência do ensino aqui no estado. Claro, na época, eu era criança, e crianças não sabem quando um professor é bom ou não. Acontece que notei que a maioria dos meus professores, especialmente na 5ª série, não davam uma aula com conteúdos, com um esquema previamente organizado... Mais tarde, deduzi que isso podia se dar porque os salários dos professores eram degradantes. Ninguém que tem que lidar com várias turmas de, no mínimo, 30 alunos, durante - sei lá - 200 dias letivos, merece ter remunerações tão ridículas. É um fator importante a se considerar, mas não é tudo.

Com o tempo, percebi que não se falava em vestibular, universidade; na verdade, às vezes, os professores me pareciam completamente descrentes nas nossas capacidades como alunos. Percebi que eles não queriam falar em lista de conteúdos, punições, etc. Isso é feio de se falar. “Pobres alunos! O ensino não tem que ser doloroso, tem que ser prazeroso, e as novas pedagogias me dizem para respeitarmos as capacidades individuais de cada um dos 30 alunos enquanto pergunto para cada um dos 30 alunos o que eles querem aprender em sala de aula. Para quê uma lista de conteúdos, não é? Eles nem vão prestar vestibular mesmo, afinal, já estão em uma escola pública, já são uns pobres derrotados que precisarão de auxílio do governo e de medidas paternalistas ad infinitum... Além do mais, pra quê aprender Trigonometria, pra quê aprender Português, pra quê aprender Ciências? Eles não vão ser nem engenheiros, nem advogados, nem médicos! E nem eu aprendi isso direito, já que matava as aulas do magistério e da faculdade, colava nas provas e fumava maconha enquanto pregava o amor livre”...

A sensação de uma escola pública era essa. “Não estou sendo pago e acredito nos novos métodos revolucionários de ensino da tia Zenaide, formada na universidade de Harvard em pedagogia sem um dia de trabalho em salas de aula reais”. A verdade é que ninguém quer se incomodar por tão poucos vinténs. Acontece que o preço a se pagar no futuro (aliás, no presente) é caro, pois aqueles alunos para os quais você não quis ensinar pormenores da Ciência, podem estar por aí, como auxiliares nos hospitais os quais você freqüenta. Mas isso ninguém considera quando vê aquele pirralhinho de 9 anos na sala de aula.

Na escola particular de freiras, eu notei com mais intensidade outra área da sociedade que está contribuindo para que a educação seja a merda que é hoje. Todo mundo sabe que a filosofia básica de uma escola paga é a mesma de qualquer outro estabelecimento de comércio: “O cliente tem sempre razão”. O problema disso é que dinheiro não é necessariamente sinônimo de boa educação. Os professores, em comparação com os da outra escola, deviam ganhar uma remuneração mais digna, ou seja, um estímulo a mais para trabalhar. Entretanto, o professor é um mero empregado, um serviçal, alguém que deve se curvar ao principezinho de boné e tênis da Nike, à princesinha de chapinha e bolsa Louis Vitton.
Acho que nunca em minha curta vida fui obrigada a presenciar disparates maiores do que os cometidos por colegas da escola particular. Afinal de contas, a falta de respeito era endossada pelos pais. E os professores eram contratados, logo, tinham que se submeter a grandes provações para (alcançarem o Reino dos Céus? não) receberem seu salário no fim do mês.

A outra ponta podre da sociedade são os pais, obviamente. É tão fácil dizer “sim, filhinho” e ser agradável, em vez de dizer “não, senta a bunda na cadeira e vai estudar!”... Agora, é engraçado que esses mesmos pais que adoram vestir os filhos como bonecos, com as melhores roupas do momento, com os melhores acessórios, ficam indignados com a mensalidade do colégio, com o preço dos livros e do material escolar.

O problema maior é que toda a sociedade enxerga a escola como um clubinho de passar o tempo e fazer novas amizades. Ensino, estudar? O que é isso? Para que serve se não me dá dinheiro, se não me dá resultados imediatos? Por que eu estou aprendendo isso se, como sei prever o futuro (assim como todos os adolescentes), estou ciente de que não vou usar esse conhecimento nunca na minha vida?

Poucos querem estudar porque vêem a importância do conhecimento, porque vêem que a educação abre portas dentro e fora do Brasil. As pessoas não querem entrar em uma universidade para aperfeiçoarem o seu saber; a maioria só quer entrar porque sabe que o diploma dará um emprego com melhor remuneração, será bonito no currículo.
E os jovens não são, em sua maioria, sábios, conscientes e bonzinhos a ponto de saberem o que é melhor para eles na época da escola. Quem acredita no contrário certamente nunca teve contato com crianças e adolescentes, ou simplesmente não quer enxergar a realidade.

O que algumas pessoas defendem é que o ensino tem que ser democrático, que o aluno tem que escolher os conteúdos que quer aprender, que a universidade tem que ser aberta a todos, que o conteudismo é mau, feio e bobo e que o estudante que bate nos coleguinhas, nos professores e se recusa a prestar atenção nas aulas é só um coitadinho, um produto dessa sociedade má, feia boba e capitalista.

Está na hora de as pessoas que defendem essa realidade rosa e bege botarem o pé na realidade e notarem que, uma vez que você virou adulto, ninguém vai querer ouvir a sua opinião para tudo. Ambientes de trabalho são democráticos de uma forma geral? Ambientes de convivência? As ruas são democráticas? Se eu um dia decidir que posso andar com o carro em cima da calçada, por cima dos pedestres, vou ficar impune?

Além do mais, o que uma criança normal, o que um adolescente sabe sobre áreas do conhecimento? Uma criança "média" brasileira não está nem aí para as continhas e as letrinhas; ela só quer brincar, jogar futebol, saber de cor a letra e a coreografia do último funk da moda. E do que adolescentes, de qualquer classe social, etnia e time de futebol querem saber? Sexo, drogas, BBB, Pânico, A Fazenda, futebol e a letra e a coreografia do último funk. Trigonometria, Machado de Assis, Química Orgânica e revolução de 1968 não estão em pauta.

Nenhum desses alunos entende, se um professor não explica, que a gente aprende Gramática e estuda Literatura para escrever melhor e se expressar melhor na hora de falar; que aprendemos Matemática porque ela está simplesmente presente em TUDO, e você vai precisar dela pelo menos para não ser enganado pelo Governo, pelos bancos e pelo monte de espertinhos que a cultura do jeitinho brasileiro criou; que aprendemos Ciências para não cairmos no conto do primeiro milagreiro que aparecer com um santo remedinho para curar todos os nossos problemas; que aprendemos Geografia para nos orientarmos (ou nortearmos) e sabermos que entrar na Coréia do Norte de gaiato e perguntar pelo McDonald's e pela liberdade de expressão não são atitudes sábias; que estudamos História para entender o mundo de agora e para não cair nas mesmas falácias que nossos antepassados.

Já a história da universidade aberta a todos, estou até agora sem entender.
É curioso como todos querem ganhar o diploma, mas ninguém quer suar a camisa para consegui-lo. Usam o argumento de que o processo do vestibular é elitista e excludente, mas, filhos, a idéia É ESSA! Nem todo mundo pode ou consegue continuar estudando depois que já virou maior de idade, ou porque tem que trabalhar para se sustentar, ou porque simplesmente nunca se interessou muito por estudo.
Vocês têm idéia do preço de cada aluno que resolve se matricular, vocês tem idéia da estrutura física e acadêmica necessária para comportar tantos alunos sem perder a qualidade do ensino? Aliás, melhor dizendo, vocês tem idéia de quanto custa um aluno que vive rodando em cadeiras por não ser apto a entender os conteúdos ensinados?

Ninguém pode chegar na universidade sem base para suportar a carga de conteúdo passada, e se você abre as portas da faculdade para todo mundo, sem se perguntar se o aluno é capaz de ler, interpretar, resolver equações matemáticas mais refinadas, diferenciar aspectos do relevo do próprio país, reconhecer obras da literatura, compreender e memorizar fatos históricos, etc., muita gente acaba rodando, muita gente acaba gerando gastos excessivos, e o país não ganha absolutamente nada em qualidade de ensino.

Sejamos realistas: vocês acham que o fato de o Governo obrigar as universidades a admitir todo mundo e entupir salas de aula vai resultar em salários para os professores universitários proporcionais ao tamanho da incomodação? Vocês acham que as verbas vão aumentar gritantemente para o melhor acomodamento dos alunos? Não. Isso vai criar para as universidades o mesmíssimo problema que eu, com 11/12 anos de idade, fui capaz de notar na minha escola pública: remunerações humilhantes, professores desmotivados e com formação acadêmica duvidosa e autoconfiança minada, alunos mimados pelo próprio sistema.

O que me dá mais medo é escutar de colegas da Licenciatura, um entusiasmo quase infantil com novos métodos revolucionários de ensino que vêm para derrubar o autoritarismo e o conteudismo vigente na educação brasileira. De que ano são essas pessoas? De que escolas elas vêm?

Porque, dos três colégios que eu estudei - o público estadual, o particular de freiras e o federal militar -, só o militar tinha lista de conteúdos, objetivos de aula, avaliações bimestrais pesadíssimas, e ele é considerado hoje o melhor colégio de Porto Alegre, um dos únicos que realmente dá a base necessária para o aluno entrar em uma universidade. Então elas criticam um método que dá certo, que é uma ilha de eficiência em meio ao ensino caótico e mambembe do resto do país? Eu posso dizer com toda segurança que os conteúdos que tive que memorizar para as provas do colégio e para o vestibular me fizeram criar mecanismos para estudar melhor. Graças à tão odiada decoreba, tenho base para compreender idéias mais refinadas. Se não tivesse decorado a tabuada do 9, eu levaria anos para entender por que raios o dono do armazém me deu o troco de 65 centavos para os 5 reais que eu dei para comprar minha 29 balinhas bagaceiras de 15 centavos.

Eu sofri na hora de estudar Matemática, Física, Química, mas o sofrimento faz parte do processo. Para cada direito, um dever. Para cada conquista, várias gotas de suor. Hoje em dia todo mundo só quer o bônus, ninguém quer o ônus. Todos querem ser médicos, mas ninguém quer estudar fisiologia, microbiologia, parasitologia, patologia. Todos querem ser advogados, mas ninguém quer redigir o processo. Todos querem ser políticos, mas ninguém quer ter o trabalho de melhorar o país.

O que me dói é que a média mínima para entrar no curso de Pedagogia da UFRGS é 463,5 - isso sem citar as vagas com cotas raciais e sociais -, segundo o vestibular de 2009. Vocês sabem o que é isso? São pessoas que não conseguiram um resultado sequer medíocre em todas as matérias cobradas; pessoas que tem um resultado abaixo da média em Português, Matemática, História, Geografia, Literatura, Biologia, Química, Física e Língua Estrangeira. São as pessoas que vão dizer, ou melhor, já dizem como a educação tem que se comportar no nosso país.

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Resumo para os preguiçosos:

1) Nossos professores tem salários humilhantes;
2) Muitos professores são desqualificados, não entendem os próprios conteúdos, não têm confiança nos próprios métodos, acreditam nas histórias da tia Zenaide, a pedagoga formada em Harvard com experiência prolífica em salas de aula imaginárias, e o Governo está pouco se lixando para isso, porque o que interessa é que tá todo mundo na sala de aula, independente da qualidade do ensino (aliás, pra quê ensino se você tem um curral eleitoral?);
3) A escola virou um clubinho de socialização, para integrar o pessoal da comunidade, com galeto de Dia das Mães, grafitagem e futebol;
4) Como os pais não querem se incomodar com a educação básica dos filhos, o professor ganhou um novíssimo título: educador (também conhecido como "babá que cuida da criança no clubinho de socialização");
5) Querem que o aluno diga para o professor o que tem que ser ensinado em sala de aula, mas querem que o aluno respeite o professor. Uma contradição, enfim;
6) Querem que todos sejam igualmente, democraticamente e pessimamente formados em instituições de ensino fundamental, médio e superior de qualidade sofrível e risível;
7) Quem não gosta de estudar e não entende a lógica de receber conhecimento é quem dita os parâmetros da educação;
8) Facilitar os processos seletivos das universidades é, pela lógica moderna, democratizar o acesso à universidade. Até aí, ninguém sequer falou em qualidade, ninguém falou em melhorar o ensino básico para tornar alunos de classe baixa aptos a disputar um vestibular com um filho de uma pedagoga de classe média/alta. O importante, afinal é botar todo mundo dentro, bem democraticamente. Democrático como a reforma ortográfica, democrático como o seu chefe perguntando qual salário você acha que merece, democrático como todas as leis criadas para aumentar os salários dos deputados, democrático como a determinação de trocar os vestibulares das universidades pelo ENEM. Ou seja, uma educação voltada para a realidade democrática do mundo lá fora.


(Saio voando, feliz como uma borboleta pelos campos estercados da vida.)

terça-feira, 14 de julho de 2009

Pecados sociais?

A Igreja Católica sempre gostou de ter a imagem de reduto moral, mesmo porque isso lhe conferia grande influência entre os fiéis. Hoje, com o surgimento sem resistência e a rápida popularização de inúmeras igrejas evangélicas, ela tenta reaver a sua fama atualizando a lista de pecados para se adequar a uma realidade que os antigos parâmetros não previam. Na prática, pelo menos dois dos novos "atos pecaminosos" são revestidos de um pensamento simplista que pode interferir em questões importantes de maneira negativa.

Um dos novos pecados incorporados à lista diz respeito às modificações genéticas, as quais a Igreja considera erradas. A idéia por trás disso é simples, mas denota falta de visão e de conhecimento do assunto: o alto clero não quer que seres humanos "brinquem" de Deus. Todavia, ser capaz de manipular genes e criar ou modificar espécies em laboratório não significa criar quimeras ou monstros, diferente do que muitos pensam. O rebaixamento de uma técnica a pecado demonstra que a Igreja não sabe muito bem do que está falando. A modificação genética, em geral, diz respeito ao melhoramento de vegetais ou animais para produção em larga escala e sem perdas, com finalidade de abastecer o consumo humano. Assim, a Igreja ignora que, se não existissem essa e outras técnicas semelhantes, o mundo provavelmente viveria como na Idade Média, passando por ondas de fome e apresentando casos de canibalismo humano decorrentes dessas.

Outro ato considerado "pecaminoso" agora é o de enriquecer muito. Isso se baseia na idéia deturpada de que, para tornar-se rico, é necessário roubar ou "pisar" em outras pessoas. Na verdade, isso já é defendido pela Igreja Católica há muito tempo; a pobreza sempre foi vista por ela, pelo menos oficialmente, como uma virtude. Esse tipo de conceito, vindo de uma instituição que influencia tantas pessoas, representa um preconceito social - como há alguns séculos essa mesma organização instituiu o preconceito étnico e cultural ao dizer que negros não tinham alma e que a cultura indígena era mais atrasada. O clero esquece que a própria instituição católica é extremamente rica - possui um país, com guardas, catedrais e igrejas com ouro, além de funcionários em vários países - e, pelo que se sabe de sua história, não alcançou isso sem roubar terras, matar "infiéis", mentir para populações inteiras e consentir com atos não tão nobres que lhe fossem convenientes.

Desse modo, a Igreja interfere, com suas idéias pouco lógicas e bastante hipócritas, em melhorias tanto no nível pessoal, como no mundial. O seu repúdio às modificações genéticas feitas por humanos e o seu pensamento simplista quanto ao acúmulo de dinheiro podem contribuir enormemente para o atraso humano, uma vez que uma organização com o seu porte ainda tem poder de influenciar pessoas que não sabem diferenciar o pessoal do social, o religioso do laico. Em vez de criar listas inúteis, a Igreja Católica poderia usar seu tempo para distribuir suas riquezas, que agora viraram pecado, ou seguir o exemplo de Mendel, monge católico e pai da genética, e ir estudar algo mais proveitoso.

(Publicado no Jornal da Redação do curso Unificado, na edição de Agosto de 2008 - ano 12, nº 40.)

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Vocês não têm idéia da dor que dá ao reler um texto escrito há um ano...:S
Eu basicamente quero reescrever tudo, cortar coisas, adicionar outras... Gaaaaaaah!

Bom, dirty little secrets: eu esqueci o título dessa redação. O que inicia essa postagem foi atribuído pelos professores do Unificado para poder publicar o meu texto. Morri de vergonha quando recebi essa tranqueira corrigida e vi que tinha esquecido de, digamos, A PORRA DA PARTE MAIS IMPORTANTE DA REDAÇÃO!!!Dx
(Tá, não é a parte mais importante, mas poxa, é a apresentação de todo o conteúdo em síntese!)
Na UFRGS eu não teria passado, mas o corretor do meu texto foi bonzinho.:)

Lendo todas as outras redações publicadas, percebi que, bom, eu me exaltei um pouco.
Mas religião é ódio.;)

Jaa!o/

Precisamos de Luxo

A humanidade precisa de luxo tanto quanto precisa de artigos de primeira necessidade. Levando-se em conta a sua definição de "exclusivo", e ignorando-se a superficialidade com que o caracterizam, luxo é ter tempo, assim como é deter individualidade.

À parte do seu conceito clássico, uma vida luxuosa não precisa ser propriamente repleta de riquezas materiais, futilidades e inutilidades. Na situação do mundo moderno, o tempo, por exemplo, é um recurso do qual poucos desfrutam, sendo, portanto, raro e custoso. No ritmo acelerado em que muitos vivem, ter alguns minutos do dia para dedicar-se a fazer algo relaxante, ou para simplesmente gastar sem fazer nada específico, é uma dificuldade. Para aqueles que exercem ofícios com baixa remuneração, deixar de trabalhar não é escolha; necessidades mais primárias precisam ser supridas, afinal. Para os não tão pobres, mas que visam ao lucro, parar é desperdiçar tempo e chances de adquirir artigos menos importantes. Quem realmente pode ou não se aflige ao desfrutar desse recurso exclusivo tem um pouco de luxo em sua vida.

Além de tempo, personalidade própria também é algo a se considerar um artigo de luxo. São poucos aqueles que conseguem, mesmo com toda a influência das mídias, das dificuldades da vida, dos discursos sedutores, manter a individualidade - a propriedade de ser único e ter também idéias próprias -, sem que essa característica se alie necessariamente ao egoísmo. Há uma tendência de os seres humanos naturalmente se guiarem pelos seus semelhantes, o que não é ruim, nem condenável. Entretanto, a maioria acaba se acomodando a essa situação e dependendo quase que totalmente das ações de seus grupos religiosos, sociais, econômicos, políticos. Essa acomodação acaba por descaracterizar os homens como indivíduos e torna-os o que popularmente se chama de "massa de manobra", fazendo com que a personalidade própria seja uma raridade.

O luxo, portanto, não se restringe a bens materiais e fúteis. Ele pode ser muito bem-representado pelo tempo livre, do qual determinadas pessoas sequer ouviram falar, bem como pela individualidade, pela capacidade de não só seguir, como também criar tendências e idéias e ser reconhecido por elas. Desse modo, pode-se dizer que pensar, refletir, indagar é também um luxo, visto que, para isso, é necessário tempo e ponto de vista próprio.


(Publicado na Antologia do Velho Casarão da Várzea, impresso do CMPA, no ano de 2008, quando eu estava no 3º ano do Ensino Médio. Também publicado no Jornal da Redação do curso Unificado, na edição de Junho de 2008 - ano 12, nº 39.)

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Fora de contexto, minha redação ficou meio retardada, mas acho que dá pra entender o espírito da coisa... O tema era, obviamente, "luxo". Eu estava no 3º ano do Ensino Médio, há muito tempo... em 2008. ;D
A redação do outro simulado do Unificado foi publicada em outro Jornal da Redação, pra minha felicidade. Mas... fica pra próxima. Ai, aquelas aulas com o Wolf...*-*
(Nem posso falar, matei muitas.:B)

Ah, a pessoa da imagem é a Coco Chanel, pra quem não conhece.

Jaa!o/