sábado, 22 de outubro de 2011

A Biografia Semiautorizada

O mais deprimente sobre o seu aniversário é o fato de que ele é só um dia qualquer. Se você não faz nada deliberadamente, nada de realmente diferente acontece; ele passa, você não sente. Não tem um aviso no Gameboy de algum deus que diga que o Pokémon dele está evoluindo. O que até seria bem interessante, pensando nisso. Você não muda de forma, não desenvolve habilidades novas.

Maru has evolved from Squeezy (Marumugyun) to Squary (Marugotsu)
Em uma comparação tecnológica, essa coisa toda de crescer, envelhecer, amadurecer acontece mais como uma daquelas atualizações do Windows: quando você menos espera, quando você menos quer – mais especificamente quando você quer desligar o computador e aparece aquela notificação maldita de 21 atualizações sendo instaladas.
Especialmente pela função de envelhecer, decidi fazer desta postagem em particular uma espécie de retrospectiva de fatos que, de certa forma, moldaram minha vida e minhas idéias como elas são hoje. Se esse post parecer muito mimizento, é porque o escrevi na semana mais deprimente do mês, um pouco antes do meu aniversário. E também, né... é sobre meus mimimis pessoais; existe uma probabilidade de 98,9% de que você não queira saber das reclamações alheias, vivendo em um mundo em que 98,9% das pessoas que não tem problemas reais só sabem reclamar.
As said by the Annoying Facebook Girl.
Quando comecei a escrever na Internet (blog, flog, Orkut etc.) eu gostava principalmente de escrever o conteúdo dos perfis. Na minha fase final da adolescência, em vez de usar adjetivos, que não são nem um pouco esclarecedores, para me descrever passei a listar fatos sobre mim. Daí a mania dos “fatos”. Embora os fatos listados fossem banais - como o fato de eu odiar resolução 1024x768 e preferir a resolução de 800x600 lá nos meus 13 anos.

Então, primeiro fato marcante: a morte do meu pai quando eu tinha 11 anos. Câncer. Não estou evocando isso pra sensibilizá-los, meus caros leitores – embora saiba que esse é um recurso que funciona. Mas qualquer pessoa que passou pela morte de um ente querido extremamente próximo – e em uma idade em que, bom, você já está passando por coisas o suficiente para considerar sua vida um drama mexicano – sabe que todo o processo de lidar com a morte provoca um amadurecimento fora do comum nas pessoas envolvidas. O tipo de amadurecimento que você não enxerga em pessoas saudáveis com famílias completas e sãs, exceto em casos raríssimos (tão raros quanto o próprio status de “família completa e sã”). A morte do meu pai foi aquela marcação definitiva entre a infância nostálgica de Casimiro de Abreu e a adolescência ultra-romântica de Álvares de Azevedo, colocando em termos de clichês. 

Exceto que eu, aparentemente, acabo de ultrapassar os 20 anos. Chupa, tuberculose!
O negócio é assim: um dia você acorda e alguém que você via todos os dias e amava com todas as forças não está mais lá. Todos estão tristes e confusos. Você está triste e confusa – tão confusa que provavelmente só vai de fato entender a situação dias/meses/anos depois, quando finalmente vai conseguir chorar. Mas todos parecem ainda mais tristes e confusos, especialmente as pessoas que tinham em comum a mesma proximidade e o mesmo amor por esse alguém. Então você quer ajudá-los, quer ser uma espécie de pilar para eles – e provavelmente também é o que eles pensam quando olham para você -, motivo pelo qual você não quer ser a única criança com motivos egoístas do grupo, a criança que todos têm que se desdobrar para atender. 
Então você cresce, porque entende que mesmo a sua mãe, mesmo o seu irmão mais velho – mesmo os “adultos”, tão fortes e confiáveis – estão lutando contra a confusão e a tristeza e a saudade. Eles também não sabem o que fazer com esses sentimentos, tanto como qualquer outro ser humano. Não é humanamente possível manter toda a inocência de antes quando você vê a sua mãe, o seu principal apoio, tão fragilizada quanto você.
Mas não dá pra ficar brava com a morte depois que você conhece o Puro Osso.
O segundo fato marcante foi a minha admissão no colégio militar, que acontece mediante aprovação em um concurso (para civis). Na verdade, todo o processo de tentar, estudar, falhar, conviver com um ensino público (estadual) ruim, conviver com um ensino privado igualmente ruim, estudar novamente, tentar novamente e finalmente ser admitida, foi uma batalha mais longa e mais marcante do que certamente estou fazendo parecer.
É bem provável que eu não tivesse tentado mais vezes não fosse a influência em especial do meu pai, que sempre fez uma propaganda ultrapositiva do ensino nas escolas militares. E você pode odiar o quanto quiser essa instituição, mas vai ter que admitir que, sim, o ensino é comparativamente muito melhor. Especialmente quando a sua preocupação é sair de uma escola em que a maioria dos seus colegas considera professores meros serviçais, falta de educação a nova moda, e futuro (pessoal e profissional) uma coisa a não ser levada a sério quando se tem sexo, drogas, hormônios.

Sim, as minhas tentativas de ingressar em um colégio bom foram escolhas minhas (influenciadas, mas minhas). Escolhas que serviram para me tirar de uma depressão profunda que você só sente quando olha para os lados e enxerga apenas uma ou duas pessoas (valiosas amigas) que compartilham as suas preocupações. No colégio militar, eu finalmente pude olhar e enxergar mais pessoas, pessoas muito melhores do que eu própria (em todos os sentidos possíveis), mas, especificamente, pessoas com objetivos semelhantes (e melhores), amigos – amigos que eu suspeito às vezes nem ser digna. E ensino satisfatório.\o/

Deus, adolescência é uma fase negra - que fica ainda pior quando você lida com gente estúpida...
 Terceiro “fato”? Não sei se posso dizer assim. Minha escolha, em momentos diferentes, pelos três fatores da equação que rege minha vida acadêmica agora: Letras – Bacharelado – Japonês. Eu queria ser escritora, sempre gostei de palavras, especialmente as escritas; então a escolha do primeiro termo parece lógica. Desde a primeira série. Do ensino fundamental. O que parece uma escolha obstinada é obviamente fruto da minha ignorância infantil: escritores não cursam Letras. O presente aponta para a minha cara e ri ensandecido; escritores precisam de conhecimento, mas não de um curso específico, não de professores que não sabem ensinar, de colegas que não sabem aprender, etc. (Lembrem-se que há exceções, crianças.)

Reality hits you hard, bro'.
 Bacharelado foi uma escolha menos óbvia, talvez três anos antes do vestibular em si.
Primeiro ponto: “não quero que a palavra ‘Licenciatura’ limite meu campo de atuação a salas de aula”, por A e B motivos. A: é preciso talento para dar aulas, e esse “talento” envolve carisma, persuasão, domínio e calma frente a multidões de pessoas de idades variadas (e nenhuma das quais faz parte da minha lista de qualidades pessoais). B: sejamos realistas, as perspectivas de um professor no Brasil são terríveis, e não estou nem falando dos salários, mas da própria qualidade da educação dos alunos.
Segundo ponto: traduzir, ou trabalhar com textos de qualquer forma, me parecia mais atrativo do que ter que lidar com pessoas diretamente – e essa crença, obviamente, não passa de ilusão, porque qualquer que seja o seu trabalho, em níveis maiores ou menores, você vai ter que lidar com pessoas diretamente em algum ponto, por mais aterrorizante que isso seja (por mais que você tenha palpitações e acessos de pânico).
Terceiro ponto: a Licenciatura não tinha a opção de língua que eu priorizava, o japonês. O que já dá uma dica sobre qual das escolhas eu havia definido antes.

Parece estúpido, mas até hoje eu tento formular uma boa resposta para a pergunta: “por que você escolheu japonês?”; sim, eu ainda tento. Isso vai render uma postagem completamente nova, porque preciso de espaço, tempo e muita organização. Talvez a maior de todas as ironias: a pergunta mais simples e inocente de todas é a que gera a mais complexa das respostas no meu mundo interno. Eu sei qual o conteúdo da resposta, mas ainda preciso organizá-lo para que os outros entendam que um gosto pessoal é, às vezes, resultado de múltiplos fatores; às vezes, é só um gosto pessoal arbitrário. E quanto mais esse gosto influencia a sua vida, mais ele se encaixa na primeira opção.

Gosto de chocolate – mas suspeito que esse seja um daqueles gostos arbitrários...
Também posso citar outros fatos pessoais marcantes em outros níveis: minha imaturidade sentimental de forma geral; minha grande desilusão 2006-2009; meu enfrentamento pontual de preconceitos pessoais e de preconceitos alheios; os estrangeiros e a lição eterna de “como eu sou péssima com qualquer nacionalidade”; minha aventura em SP com pessoas relevantes; minhas desventuras acadêmicas, com professores e colegas. A lista sempre continua.
E esse é um fato per se: a lista sempre continua. Na verdade, mesmo se eu escrevesse uma postagem por dia, para cada coisa que me marca sempre teria algo novo, mesmo que fosse uma frustração ou uma paranóia injustificada (aliás, sou atleta qualificada em esportes de especulação e observação da realidade).

Paranoid Parrot sempre.
O que veio desde o início desse processo de “maioridadezação” foi o medo. Medo de perder a relevância para todos, de não sobreviver às mudanças, de não sobreviver às pessoas, de não sobreviver ao mundo. Medo de não conseguir me independer (trabalhar, morar sozinha, pagar as contas e os impostos...), ou de ficar completamente sozinha, deixada aos meus próprios pensamentos e minhas próprias depressões. Medo de nunca receber nenhum tipo de reconhecimento, nenhum tipo de apoio ou de elogio. De me abandonar e de ficar de mimimi o tempo inteiro, lamentando por coisas que eu perdi porque tive medo de fazer – e esse tipo de medo é a maior e mais lamentável de todas as auto-sabotagens possíveis! Ainda me assombra essa coisa de ser adulta, de responder pelas próprias incompetências. Nesse ponto, já sei que não existe volta. Sei que vou tentar e falhar e tentar e conseguir.
 
Viver eu ainda não sei. Vou lá pesquisar mais sobre o assunto e depois conto para vocês.:) 

sábado, 15 de outubro de 2011

De Inertia

Éramos mais ou menos quinze na fila do ônibus, seis horas e pouquinho, mais um monte de transeuntes passando perto da parada. Não saiu no jornal – provavelmente porque não valia a manchete, “era coisa pequena”, e eu sei que você também diria exatamente assim, “coisa pequena”, porque a verdade é que nós nos tornamos uns insensíveis a tudo isso (se é que algum dia nós já fomos sensíveis).

A primeira da fila era uma mulher, negra, aparência normal, um pouco cansada. Uma camiseta, um jeans surrado (não surrado de marca, surrado de uso mesmo), uns tênis bem simples, uma bolsa no ombro. Acho que ela foi o alvo mais pela posição e pela facilidade do que por qualquer outra coisa. Por ser mulher, magra e estar lá, cansada de um dia estafante de trabalho.

Eles chegaram em três. Já percebeu que esse bostas sempre chegam em bando? Vivem em bando, caçam em bando, provavelmente até se comem entre si só porque é mais cômodo. Com aqueles tênis cor de neon, de marca, calça caída, sempre falando no último volume e gordos, ocupando espaço em todos os sentidos. Nosso sistema é muito bom para engordar vagabundo, e isso vale pra qualquer classe social, dos que comem dez vezes o seu salário aos que ganham “Bolsa Explore O Seu Filho Com O Apoio Do Governo”. Até porque a única maneira que eles têm de chamar a sua atenção é ocupando espaços físicos e sonoros e incomodando o máximo possível; não são inteligentes, bonitos, agradáveis, só resta serem estupidamente incômodos. E eles foram chegando perto dela como se fossem conhecidos.

E no início, parecia isso. Parecia que eles se conheciam, foram se encostando nela como velhos conhecidos, como amigos. Daí ela olhou para nós todos e eu soube. Eu soube que eles não eram conhecidos porra nenhuma e me lembrei que já tinham usado a mesma tática com uma amiga que tinha sido assaltada mês passado... Com essa moça, era o mesmo. Ela me olhava, assustada, apavorada, suplicante. 

Eu tenho vergonha, tenho vontade de me matar só de me lembrar daquele olhar. Ela olhou para todos nós, todos os 15 ou 16, mais os transeuntes, o mundo!... e todo mundo se encolhendo, fazendo cara de paisagem, baixando o rosto, ignorando, passando, dando espaço pra que aqueles três merdinhas de, o quê?, dezesseis, dezessete anos?, fizessem o que eles estavam fazendo ali.
A moça ficou em choque enquanto eles pegavam a bolsa dela, abriam, olhavam, na maior calma porque sabiam que ninguém ia fazer nada mesmo. Um deles chegava a se virar para nós, sorrindo malicioso, como quem diz “valeu pela cooperação”. Ela começou a chorar, e algum deles fez uma piadinha. Ela perguntou, com a voz trêmula, talvez juntando um fiapo de coragem dos frangalhos em que situações como essa transformam a nossa sanidade: “Posso só pegar as fotos dos meus pequenos na carteira?”, e foi só isso mesmo que ela disse.

Uma pergunta inocente dessa e foi o que bastou para um dos assaltantes dar um soco direto no rosto dela - eu cheguei a ouvir o barulho de um dente caindo no chão. Tudo isso pelo quê? Por uma carteira, por um celular, por algum dinheiro magro, que provavelmente sequer cobriria um plano dentário pra que ela consertasse os dentes quebrados? A verdade é que isso não é pelo dinheiro pra comprar os Nikes, os Adidas, etc., pra bancar o churrasquinho de quarta-feira que acompanha o jogo, não é pelo crack, pela cerveja, pelos cigarros, não é sequer pra sustentar os filhos que eles provavelmente já tem – e que criam no mesmo abandono no qual foram criados. A partir daquele momento, ficou bem claro que o assalto não era por nada disso, era pela violência, sempre foi pela violência. Porque a violência é o único modo de esses filhos-da-puta sentirem que têm algum poder sobre algo, mesmo que seja sobre uma mulher cansada em uma parada de ônibus, que seja sobre uma criança indefesa, que seja sobre um cachorro sarnento na rua. A violência é a única capacidade democrática em toda a raça humana, e infelizmente até esses chinelões sabem disso.

Mas você sabe que não é isso que me perturba. O que me perturba é que naqueles minutos nenhum de nós foi capaz de mover um dedo para ajudar a moça sendo assaltada. Eram três! Nós éramos quinze, até mais gente! Questão numérica! E o que é pior: eu não estou me excluindo dessa maioria burra e covarde. Eu estava lá e desviei o olhar, fiquei quieta, fingi que não era comigo! (E seria inocente acreditar que nada daquilo “era comigo”...) Justo eu!

Talvez eu até conseguisse perdoar os outros por saber que a maioria é composta de cordeiros. Séculos de cultura, religião, filosofia, ficção, etc. que nos dizem que existem “bons” e “maus”, que estes são distinguíveis sem muita dificuldade, e que os “bons” são passivos, inertes, oferecem a cara a tapa, perdoam, esquecem, são cândidos, pobres, submissos, silenciosos e aceitam todos... Os “bons” somos nós, daquela fila da parada do ônibus, perdoando os três coitadinhos porque eles nasceram na vila, provavelmente não tiveram uma família estruturada, não tiveram uma boa educação, e agora cobram da sociedade a sua “dívida” – o que para mim sempre foi uma desculpa de merda, criada por uma classe média-alta com aquela inerente culpa judaico-cristã-ocidental por ter algum dinheiro; porque, seja qual for o seu status social ou a sua etnia, ser filho-da-puta não é desculpa para nada. E se você enxerga com esses seus olhos algum tipo de justiça social no que aqueles três fizeram, então eu realmente espero que algum assaltante faça o favor de espancá-lo até você perder a sua visão, já que ela obviamente é um sentido inútil em você.

Eu sei que, no fim, não conseguiria perdoar a multidão de covardes também. Mas eu nunca acreditei nessa coisa de justiça social, e de que nós “merecemos” ser assaltados, porque é o nosso pagamento e porque Deus é maior que isso tudo e porque o Reino dos Céus é daqueles que sofrem, e que são pobres, e que são dependentes, e que choram em vez de tentarem algo. Não, isso não sou eu. Por isso mesmo sei que, naquele momento em que a moça era assaltada, eu não estava pensando em justiça social, em justificativas e etc. Não. Eu estava agindo pelo instinto vergonhoso de defender o meu próprio umbigo e esperar que “os outros” dessem o primeiro passo. Eu estava na mesma expectativa que todos ali: a expectativa de que um suposto “alguém” chamaria a polícia, que então passaria a responsabilidade para a “Justiça”, que então entregaria os criminosos para os carcereiros, que por fim deixariam que os próprios presos se encarregassem de exercer a tal da “Justiça”. Funciona da mesma maneira que alguns pais esperam que as babás ou - mais modernamente - as professoras se encarreguem da educação de seus filhos; é uma delegação infinita de responsabilidades que culmina na não-resolução de problema algum.

Eu não tenho desculpa, não tenho desculpa mesmo. Meu instinto me disse que me meter naquilo poderia resultar negativamente, e eu me coloquei acima daquela pobre mulher, mesmo também havendo a possibilidade de que, se eu desse o primeiro passo, mais duas ou três pessoas também se animassem a correr com os assaltantes dali. Eu também sabia disso inconscientemente, mas fiquei ali, inerte, olhando como quem olha um capítulo de novela se desenrolar. 

Não, eu não me perdôo por isso. Mas também sei que estou propensa a fazer o mesmo em uma próxima situação semelhante, tendo plena consciência disso tudo. Então por que estou contando isso? Porque não quero que o olhar aterrorizado daquela mulher se perca no tempo. Não quero que aqueles dentes quebrados sejam “coisa pequena”, indigna de nota. Não quero que você esqueça – e também não quero me esquecer – de que nós também podemos ser os primeiros da fila um dia, e que nosso olhar aterrorizado vai ser só a entrada para mais um desses banquetes de demonstrações de poder.


 Esse texto foi escrito para a cadeira de Produção Textual, em que a proposta era reescrever o conto "Pai contra mãe", de Machado de Assis. Eu, pessoalmente, acho que reescrever Machado não só é impossível como é praticamente um insulto - e chorei sangue por isso.
A minha interpretação desse conto é a de que o autor, sim, tratou o tema social, a estrutura escravagista estúpida (cinco "vivas!" para aliterações/assonâncias, por favor) da época; mas o que eu enxergo como foco principal é a questão individual, da violência, do descaso com o outro. 
E foi isso que eu resolvi trabalhar, com alguma inspiração débil em The Boondock Saints. Mas mais pela parte da moral do que pela parte da fodasticidade.:(
Também não gosto tanto de trabalhar com crítica social em ficção, mas às vezes é inevitável. Tive que rezar alguns pai-nossos para o São Rubem Fonseca nesse quesito.