É, no mínimo, interessante - como tradutora/estudante de tradução - notar que quando um produto envolve o público infantil, os tradutores decidem versar o nome de certos personagens. Harry Potter é um exemplo clássico. Eu tenho que admitir que, como leitora, ODEIO essa prática. Claro, tem o mérito de tentar trazer para a nossa língua um trocadilho infame e oferecer uma informação interessante sobre aquele personagem. Mas não deixa de ser uma simplificação da sonoridade – e, às vezes, a sonoridade é mais interessante que o significado.
Bom, mas sem entrar em uma discussão mais feroz sobre escolhas tradutórias, o fato é que os produtos infantis/infanto-juvenis são cheios dessas adaptações de nomes. Para quem assistiu a animação da Disney Enrolados (Tangled) na versão dublada em português, o personagem originalmente nomeado de Eugene Fitzherbert virou
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O Pascal não aprovou essas mudanças de nomes. |
Ah! Atenção: quando falo em pokémons, refiro-me à primeira e à segunda leva, porque foi até onde eu fui da série e dos jogos.
O rato elétrico que provocou epilepsia em algumas crianças japonesas, Pikachû, teve seu nome mantido. Pelo menos graficamente. Originalmente, a pronúncia é mais ou menos como PikaTCHÛ, não PikaXÛ, como ele ficou popular por aqui. Tanto faz. O interessante é notar que o nome deriva de duas onomatopéias: pikapika, onomatopéia de coisas brilhantes/reluzentes; e chû, o som feito pelos ratinhos.
Vários pokémons seguem essa regra da onomatopéia. Aliás, japoneses adoram onomatopéias, até para coisas que não fazem som, como... o silêncio (!!!). (A “onomatopéia” de silêncio é shiin, antes que me perguntem...)
Outro exemplo é um dos meus preferidos: o Vulpix, e sua evolução, Ninetales. Em japonês, Vulpix é originalmente Rokon – ro de “seis” (referência ao número de caudas) e kon de “konkon”, o som que as raposas fazem. O Ninetales é Kyukon, sendo o kyu de “nove”.
O mesmo acontece com o célebre Miau ou Meowth ou Nyaasu, o pokemon da Equipe Rocket. No Japão, os gatos fazem nyaa. A tradução, nesse caso, seguiu a mesma lógica em todas as línguas.
Também os pokémons Grimer e Muk, aqueles melequentos, no original são Betobetaa e Betobeton, respectivamente - betabeta é a “onomatopéia” de coisas grudentas e pegajosas.
Mas não só de onomatopéias vivem os nomes desses bichos! Vou continuar esse assunto na próxima postagem, até porque os nomes dos personagens de Pokémon dão muita história...
Até a próxima!o/
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Vou continuar na próxima postagem também porque um Snorlax selvagem apareceu pra bloquear minha mente. |