terça-feira, 14 de julho de 2009

Precisamos de Luxo

A humanidade precisa de luxo tanto quanto precisa de artigos de primeira necessidade. Levando-se em conta a sua definição de "exclusivo", e ignorando-se a superficialidade com que o caracterizam, luxo é ter tempo, assim como é deter individualidade.

À parte do seu conceito clássico, uma vida luxuosa não precisa ser propriamente repleta de riquezas materiais, futilidades e inutilidades. Na situação do mundo moderno, o tempo, por exemplo, é um recurso do qual poucos desfrutam, sendo, portanto, raro e custoso. No ritmo acelerado em que muitos vivem, ter alguns minutos do dia para dedicar-se a fazer algo relaxante, ou para simplesmente gastar sem fazer nada específico, é uma dificuldade. Para aqueles que exercem ofícios com baixa remuneração, deixar de trabalhar não é escolha; necessidades mais primárias precisam ser supridas, afinal. Para os não tão pobres, mas que visam ao lucro, parar é desperdiçar tempo e chances de adquirir artigos menos importantes. Quem realmente pode ou não se aflige ao desfrutar desse recurso exclusivo tem um pouco de luxo em sua vida.

Além de tempo, personalidade própria também é algo a se considerar um artigo de luxo. São poucos aqueles que conseguem, mesmo com toda a influência das mídias, das dificuldades da vida, dos discursos sedutores, manter a individualidade - a propriedade de ser único e ter também idéias próprias -, sem que essa característica se alie necessariamente ao egoísmo. Há uma tendência de os seres humanos naturalmente se guiarem pelos seus semelhantes, o que não é ruim, nem condenável. Entretanto, a maioria acaba se acomodando a essa situação e dependendo quase que totalmente das ações de seus grupos religiosos, sociais, econômicos, políticos. Essa acomodação acaba por descaracterizar os homens como indivíduos e torna-os o que popularmente se chama de "massa de manobra", fazendo com que a personalidade própria seja uma raridade.

O luxo, portanto, não se restringe a bens materiais e fúteis. Ele pode ser muito bem-representado pelo tempo livre, do qual determinadas pessoas sequer ouviram falar, bem como pela individualidade, pela capacidade de não só seguir, como também criar tendências e idéias e ser reconhecido por elas. Desse modo, pode-se dizer que pensar, refletir, indagar é também um luxo, visto que, para isso, é necessário tempo e ponto de vista próprio.


(Publicado na Antologia do Velho Casarão da Várzea, impresso do CMPA, no ano de 2008, quando eu estava no 3º ano do Ensino Médio. Também publicado no Jornal da Redação do curso Unificado, na edição de Junho de 2008 - ano 12, nº 39.)

---------------------------------------------------------------------------------

Fora de contexto, minha redação ficou meio retardada, mas acho que dá pra entender o espírito da coisa... O tema era, obviamente, "luxo". Eu estava no 3º ano do Ensino Médio, há muito tempo... em 2008. ;D
A redação do outro simulado do Unificado foi publicada em outro Jornal da Redação, pra minha felicidade. Mas... fica pra próxima. Ai, aquelas aulas com o Wolf...*-*
(Nem posso falar, matei muitas.:B)

Ah, a pessoa da imagem é a Coco Chanel, pra quem não conhece.

Jaa!o/

Nenhum comentário: