A Igreja Católica sempre gostou de ter a imagem de reduto moral, mesmo porque isso lhe conferia grande influência entre os fiéis. Hoje, com o surgimento sem resistência e a rápida popularização de inúmeras igrejas evangélicas, ela tenta reaver a sua fama atualizando a lista de pecados para se adequar a uma realidade que os antigos parâmetros não previam. Na prática, pelo menos dois dos novos "atos pecaminosos" são revestidos de um pensamento simplista que pode interferir em questões importantes de maneira negativa.
Um dos novos pecados incorporados à lista diz respeito às modificações genéticas, as quais a Igreja considera erradas. A idéia por trás disso é simples, mas denota falta de visão e de conhecimento do assunto: o alto clero não quer que seres humanos "brinquem" de Deus. Todavia, ser capaz de manipular genes e criar ou modificar espécies em laboratório não significa criar quimeras ou monstros, diferente do que muitos pensam. O rebaixamento de uma técnica a pecado demonstra que a Igreja não sabe muito bem do que está falando. A modificação genética, em geral, diz respeito ao melhoramento de vegetais ou animais para produção em larga escala e sem perdas, com finalidade de abastecer o consumo humano. Assim, a Igreja ignora que, se não existissem essa e outras técnicas semelhantes, o mundo provavelmente viveria como na Idade Média, passando por ondas de fome e apresentando casos de canibalismo humano decorrentes dessas.
Outro ato considerado "pecaminoso" agora é o de enriquecer muito. Isso se baseia na idéia deturpada de que, para tornar-se rico, é necessário roubar ou "pisar" em outras pessoas. Na verdade, isso já é defendido pela Igreja Católica há muito tempo; a pobreza sempre foi vista por ela, pelo menos oficialmente, como uma virtude. Esse tipo de conceito, vindo de uma instituição que influencia tantas pessoas, representa um preconceito social - como há alguns séculos essa mesma organização instituiu o preconceito étnico e cultural ao dizer que negros não tinham alma e que a cultura indígena era mais atrasada. O clero esquece que a própria instituição católica é extremamente rica - possui um país, com guardas, catedrais e igrejas com ouro, além de funcionários em vários países - e, pelo que se sabe de sua história, não alcançou isso sem roubar terras, matar "infiéis", mentir para populações inteiras e consentir com atos não tão nobres que lhe fossem convenientes.
Desse modo, a Igreja interfere, com suas idéias pouco lógicas e bastante hipócritas, em melhorias tanto no nível pessoal, como no mundial. O seu repúdio às modificações genéticas feitas por humanos e o seu pensamento simplista quanto ao acúmulo de dinheiro podem contribuir enormemente para o atraso humano, uma vez que uma organização com o seu porte ainda tem poder de influenciar pessoas que não sabem diferenciar o pessoal do social, o religioso do laico. Em vez de criar listas inúteis, a Igreja Católica poderia usar seu tempo para distribuir suas riquezas, que agora viraram pecado, ou seguir o exemplo de Mendel, monge católico e pai da genética, e ir estudar algo mais proveitoso.
(Publicado no Jornal da Redação do curso Unificado, na edição de Agosto de 2008 - ano 12, nº 40.)

Vocês não têm idéia da dor que dá ao reler um texto escrito há um ano...:S
Eu basicamente quero reescrever tudo, cortar coisas, adicionar outras... Gaaaaaaah!
Bom, dirty little secrets: eu esqueci o título dessa redação. O que inicia essa postagem foi atribuído pelos professores do Unificado para poder publicar o meu texto. Morri de vergonha quando recebi essa tranqueira corrigida e vi que tinha esquecido de, digamos, A PORRA DA PARTE MAIS IMPORTANTE DA REDAÇÃO!!!Dx
(Tá, não é a parte mais importante, mas poxa, é a apresentação de todo o conteúdo em síntese!)
Na UFRGS eu não teria passado, mas o corretor do meu texto foi bonzinho.:)
Lendo todas as outras redações publicadas, percebi que, bom, eu me exaltei um pouco.
Mas religião é ódio.;)
Jaa!o/
Um comentário:
"Mas religião é ódio.;)"
Já leu O Anticristo de Nieztsche? É bom.
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